segunda-feira, 8 de abril de 2013








Mini Museu sobre a Comunidade de Vila Palmeira 



Realizando trabalhos anteriores e com a solicitação acadêmica, pude conhecer um pouco mais da história da minha comunidade e da localidade onde está inserida minha escola parceira. Realizei uma coleta de dados com o historiador da nossa comunidade e da nossa cidade Luciano Peixoto, que desde já agradeço o carinho e a atenção. Luciano me passou algumas informações e me emprestou um livro onde consta alguns registros de como tudo começou. Nossa terra foi colonizada por açorianos por volta de 1800, conforme inventários das famílias, nos deixaram suas marcas, sua cultura e seus costumes. Viviam da pecuária, agricultura e da plantação da cana-de-açúcar. Luciano conta no livro "Santo Antônio da Patrulha - Reconhecendo sua História" que foram passadas várias informações a respeito da escolha do nome da comunidade de Vila Palmeira, e foi pesquisando em inventários no arquivo público de Porto Alegre que descobriu muito sobre o 2º distrito do nosso município. Francisco da Silveira Peixoto e seu irmão José da Silveira Peixoto, naturais do Faial (Açores)já residiam no município por volta de 1759. Em 1772 Francisco compra de Antônio Gonçalves Padilha terras na encosta da Serra que só foram registradas em 23 de julho de 1792 e que mais tarde, conforme um trecho do inventário, formaram a fazenda Rincão da Palmeira no ano de 1823. José e Francisco casara-se com duas irmãs. José não teve filhos e Francisco que casou-se com Antônia Maria de Jesus tiveram cinco. Em 1823, depois da morte de Antônia Maria de Jesus é que saiu o processo final da divisão das terras da fazenda Rincão da Palmeira.
"Certifico que revendo os autos de inventário e partilhas aqui (...) de Antônia Maria de Jesus neles que coube a cada herdeiro órfãos filhos do falecido Athanázio José Lopes e Ana Joaquina Peixoto no campo denominado Rincão da Palmeira, a quantia de trinta e três mil, trezentos e trinta e três réis no Mato do dito campo, cada um a quantia de dezesseis mil réis, cujos órfãos são os seguintes: Ana, Antônia e José e emancipados, Manoel, Maria e na dúvida João".
o lugar é conhecido hoje como Vila Palmeira, tanto da faixa (RS 030) para baixo como para cima. Contam os antigos também, que desde o início das fazendas, surgiram as paragens dos Rodeios (1900 - 1930) para a marcação e vacinação do gado. Como na época não existiam cercas para dividir os bois, era preciso ser feita a marcação para que os donos pudessem identificar seus gados que acabavam se misturando. Era dia de festa, pois ainda não existia a igreja. Compareciam as mulheres e as crianças e o Rodeio da Palmeira era aguardado com muita ansiedade. Somente por volta de 1930-1932 é que foi surgindo a Vila, com o asfaltamento da RS 030, com o surgimento do campo de futebol, da igreja e da escola. A Igreja Santa Teresinha começou sua história no ano de 1946 graças a Dona Currucha, Dona Ana e Dona Alice que percorriam longas distâncias de charrete para conseguir doações para a construção da capela. Foi escolhida Santa Teresinha como Padroeira em 1947, onde foi realizada uma festa. Os festeiros foram Sr. Humberto Massulo e Adiles Massulo. A festa foi realizada no antigo clube esperança, pois a igreja ainda não existia. O terreno foi doado por quatro irmãos: Dário, Ademar, Davenir e Darci Silveira Machado. A primeira festa realizada na igreja foi no dia 24 de junho de 1948, sendo os festeiros: João Marques Peixoto e Ana Luiza Peixoto. Com o crescimento das atividades religiosas, a capela foi crescendo e foi construído o salão com a doação do terreno feita pelo Sr. Domiciano Ferreira. Nossa Padroeira Santa Teresinha deixou-nos sua missão: 

No coração da Igreja serei o amor.
O amor nunca falha, e a vida não falhará enquanto houver amor. 

A escola da comunidade teve suas primeiras atividades em uma casa alugada em frente ao prédio que a escola se situa nos dias de hoje. Os alunos eram matriculados dos 6 aos 25 anos e todos estudavam juntos. Em 1936, Antônio Peixoto de Castilhos e João Marques Peixoto doaram, cada um, meio hectare de terra para a construção do educandário, inicialmente construído de madeira. Ezequiel de Oliveira Nunes foi o primeiro Diretor da rede estadual, na época mantida pela Prefeitura. Professor Ezequiel usava a famosa vara de marmelo que servia para acalmar as crianças. Usava um fardamento escuro o que lhe rendeu o apelido de urubu e morava nas dependências da escola. Inicialmente a escola chamou-se Aula Rural Estadual (1937-1938), depois, Aulas Reunidas do Passo Sabiá. Somente em 11 de março de 1942, pelo decreto estadual 502, a escola recebe o nome de Grupo Escolar Professor Cândido de Barros, em homenagem a um dos primeiros educadores da cidade de Santo Antônio da Patrulha. Com o decorrer dos anos a escola foi crescendo, e hoje, o Candinho como é carinhosamente chamado por todos os alunos, professores, funcionários e integrantes da comunidade dispõe de Ensino Médio para oferecer a nossa tão abençoada Vila Palmeira e comunidades vizinhas.
Escola - Turma 1942

       
Casa antiga da comunidade
1937
Festa para Construção da Capela Santa Teresinha
Grêmio Esportivo Liberdade - Estádio Vovó Lavinia

Comercial Palmeira - Armazém do Seu Dinarte

Referências:

Luciano Peixoto - Historiador e Decorador
Santo Antônio da Patrulha - Reconhecendo sua História" 

sábado, 2 de abril de 2011

Minha vida...

Meu nome é Indiara da Silva Schuler, nasci no dia 30 de outubro de 1978 no Hospital Municipal de Santo Antônio da Patrulha, cidade que resido até hoje. Moro com meus pais, no bairro de Vila Palmeira, interior do município, a 10 km do centro da cidade e sou filha única.
 Cresci no mesmo lugar que moro, talvez por essa razão me identifico muito com o mesmo. Fui uma criança tranqüila, obediente e feliz. Acreditei em coelhinho da Páscoa, em Papai Noel, em conto de fadas e fui mais feliz ainda.  Estudei meus primeiros anos escolares na Escola Estadual Professor Cândido de Barros, escola essa, que tenho maior orgulho e admiração. Construí amizades que levo até hoje no coração e na lembrança. A pracinha da escola, a sala de aula, o “recreio” e não o intervalo, a “merenda” e não a hora do lanche, o avental da pré escola xadrez de azul e branco com o desenho da Luluzinha no bolso da frente...  Isso sim ficará para sempre. E a primeira professora? Há... quem não lembra dela! Professora essa que trabalhamos juntas depois de 20 anos. Na 7ª série fui estudar no centro da cidade, ia e voltava de ônibus sozinha, pensava que já era “gente grande”, não sabia eu que teria que ter muito mais responsabilidades sendo realmente “gente grande”.
Meu Ensino Médio foi concluído no ano de 1995, onde me formei Técnico em Contabilidade. Coincidência ou não, é no mesmo local onde hoje se inicia uma nova etapa da minha vida escolar.
Tive uma adolescência como qualquer outra, fui levada, fui brincalhona, quis bater de frente com pai e mãe como todo adolescente, quis viver somente para os amigos e namorados, mas ao mesmo tempo fui companheira, fui família, fui amiga, fui carinhosa e aprendi que nem tudo na vida é fácil como quando eu era criança. Sempre tive muito apoio da minha família e quando necessário levei também muitos “puchões de orelha”, afinal... a adolescência nunca será  uma etapa da vida lembrada com muito entusiasmo pelos pais, somente por nós mesmos enquanto não temos os nossos próprios filhos.
Trabalhei em uma Escola de Educação Infantil no ano passado como estagiária de uma turma de Maternal I, foi aí que me apaixonei pela profissão de professora, apesar de sempre ter sonhado muito com isso. É gratificante ver o crescimento deles, o desenvolvimento de cada aluno, o carinho que eles tem por nós professoras não tem preço. Vai ficar pra sempre na minha lembrança cada rostinho, cada palavra pronunciada com muito orgulho, palavra essa que talvez tenha saído de suas boquinhas pela primeira vez.
Falar deles é bom demais, mas voltando a minha vida, sou muito ligada as tradições, dancei por muitos anos em CTGs (Centro de Tradições Gaúchas), talvez por esse motivo me identifiquei com o curso Educação do Campo. Penso que me leva a “coisas do campo”, costumes, pessoas simples, lugares e lembranças da minha própria infância, além é claro, do grande desejo de ensinar e ser aquela professora lembrada pelos alunos como alguém que foi muito importante na vida deles, e quem sabe ser lembrada por eles em algum momento de suas vidas assim como lembrei da minha ao escrever esse texto.
Trabalho atualmente de recepcionista em uma fábrica de rapadura também no interior de Santo Antônio da Patrulha, passo o dia inteiro fora de casa e a noite procuro me dedicar a família e agora os estudos que também farão parte da minha rotina.
Busco ser uma pessoa cada dia melhor, procuro ver nas pessoas que me rodeiam o que elas têm de mais bonito dentro delas e assim espero que o mesmo aconteça a meu respeito. Quero me formar e fazer a diferença na vida de cada aluno, não quero ser somente a professora que passou na vida deles, mas a professora que marcou, a professora que é apaixonada pela educação e busca a realização em tudo o que faz.

           

Entrevista realizada com Antônio Rocha